Potsdam – Schloss Sans Souci, Neues Palais e jardins. O rei passava era muito bem!

Agora vamos passear por Potsdam. Pelos jardins e palácios, para ser mais preciso.

Grandes impérios deixam grandes marcas. Grandes reis, além de mudarem ou afirmarem suas ideias, deixam grandes legados. E esses legados sempre incluem grandes construções. Elas são o que nos resta para entender o passado e o modo de vida daquelas pessoas. Além, é claro, de serem obras de arte.

De Berlim, para chegar a Potsdam, basta pegar o S1 (Oranienburg – Potsdam – essa linha S1 é o bicho!). A viagem leva uns 45 minutos, já que o trem para em diversas estações no caminho, mas é agradável. Chegando na Potsdam Hbf é só procurar os ônibus que ficam na frente da estação e escolher para onde ir. Nosso destino era o Schloss Sans Souci (Palácio Sanssouci).

As visitas têm hora marcada, por isso aconselhamos que você passe na bilheteria, compre os ingressos e depois passeie pelos jardins. Nós fizemos o contrário e quando fomos comprar os ingressos marcaram para dali 1 hora e meia. Não que não fosse agradabilíssimo passar mais um tempo nos jardins mas, para quem tem pouco tempo, a opção de comprar o ingresso logo na entrada é melhor.

Ali na região também existe um “biergarten”. Os alemães adoram isso. Eles colocam mesinhas num jardim e alguns quiosques com comidas e bebidas. No dia em que fomos estava muito frio (e era primavera) por isso só tinha um quiosque aberto. Fica do outro lado da rua, em frente ao palácio. Ali também existia um outro restaurante, mais chique… Voltando ao palácio propriamente dito…

Para entender mais ou menos a história: O Palácio Sans Souci foi erguido por Frederico II (1712 – 1786), rei da Prússia (também conhecido como Frederico, o Grande). Era seu lugar preferido de descanso (Sans Souci significa “sem preocupação”). No fim das contas, foi o lugar onde o rei passou mais tempo durante seu reinado…

O palácio foi projetado por Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff entre 1745 e 1747. Acontece que o rei, que gostava muito do lugar e tinha conhecimentos, resolveu ele mesmo acompanhar a construção do palácio. Por divergências com o arquiteto, em 1746 ele o despediu e o holandês Jan Bouman foi quem terminou tudo.

O palácio é frequentemente comparado à Versalhes, na França. Digo que a comparação é válida, principalmente por causa dos jardins. Acredito, também, que o parque onde está Sans Souci (e os outros palácios que falaremos depois também) seja tão grande quanto a área em que está Versalhes. Porém, o Palácio de Sans Souci é bem menor, possuíndo apenas 10 cômodos. O rei queria uma coisa mais intimista e nem se preocupava tanto com chocar as pessoas com poder e luxo. A sua ideia era fugir de Berlim em momentos de estresse e ter sossego por lá. Acredito que tenha conseguido…

Vamos ao palácio

Esse meninão aí é o palácio propriamente dito. 10 cômodos, apenas uma planta (não tinha andar superior). A decoração interna, no estilo Rococó, é muito rebuscada (não nos permitiram foto lá dentro e eu juro que ainda vou tentar entender o porquê disso um dia). O rei cultivava muitas frutas no jardim. Ele as adorava. Por isso mesmo, diferentemente do que normalmente ocorre nesses palácios, a decoração dos tetos e das paredes tinha muitas frutas desenhadas (nunca tinha visto isso). Ele desenhava pêras, morangos e uvas para decorá-lo.

A terceira foto acima é da sua galeria de pinturas, que estava fechada no dia em que visitamos…

O rei também era um sujeito muito culto e metido a flautista. Assim, lá dentro havia uma sala que era usada como câmara para concertos. Dizem que grandes pessoas da época tocaram lá e que a orquestra do rei era muito boa. Ele mesmo tocava flauta para os visitantes e também era considerado um bom instrumentista.

Além dos dotes artísticos, o rei Frederico II gostava de uma boa prosa. Voltaire, só para ficar num exemplo, era grande amigo dele e passou muito tempo em Sans Souci. Havia muito diálogo entre ambos e Voltaire respeitava as ideias do rei. Criticava um pouco o espírito bélico dos prussianos mas, em geral, as discussões sempre mantiveram bom nível.

Dentro do palácio há uma grande quantidade de pinturas. Esculturas greco-romanas existem tanto dentro como nos jardins.

E falando em jardins, vamos a eles:

A primeira impressão é de que realmente se parece muito com Versalhes. A fonte redonda, de frente para a entrada do palácio, é muito parecida com a do francês. Mas os jardins são bem diferentes. Um curiosidade é que essa fonte que hoje jorra água, nunca funcionou enquanto Frederico II era vivo, por conta da falta de tecnologia da época. Só foram colocar isso prá funcionar uns 100 anos depois da inauguração do palácio…

Há boatos de que o nosso reizão era homossexual. Outros dizem que era bissexual. Outros que era celibatário. Uma outra corrente defende que ele “tinha mais com o que se preocupar” do que com ter uma mulher. Cada um com seu cada um, é claro. Fato é que ele não teve herdeiros e visitava a esposa apenas uma vez por ano (pois é, cada um morava num lugar).

Nosso rei, como já citado, também gostava muito de cuidar dos jardins e gastou muito de seu tempo (e dinheiro) cuidando dos de Sans Souci. Posso dizer que ele teve êxito, já que os jardins são maravilhosos… Havia plantações e produção própria das frutas que ele gostava…

Para dar um ar mais “rural” para o lugar, ele também mandou fazer um moinho por lá. Esse é reconstruído já que o original foi bombardeado na segunda guerra…

Deixo uma foto panorâmica do palácio (créditos ao meu irmão, que a tirou)… Uma joia.

Neues Palais

Se por tudo isso que eu escrevi acima você pensa que o rei Frederico II era um cara desprendido, despojado de guerras e preocupado mesmo era com um bom sarau, pode mudar a sua ideia. Vamos conhecer agora o Neues Palais, que fica ao lado oeste do parque de Sans Souci.

Uma caminhada de uns 2 km pelos jardins (agradável, diga-se de passagem) te levará ao Neues Palais. Nós fomos até a metade do caminho, mas como tínhamos horário para visitar o palácio Sans Souci, voltamos. Decidimos ir de ônibus, que corta os parques todos e nos levou até lá.

O palácio, em si, é bem maior que Sans Souci. Começou a ser construído em 1763 e ficou pronto em 1769. Foi feito em comemoração ao término da guerra dos sete anos, por uma região na Silésia. Em resumo, Frederico II gostava de uma prosa, de um sarau e de um concerto. Mas igualmente gostava de conquistar mais territórios para o seu reinado.

Como se nota, a frente do palácio era bem mais imponente do que Sans Souci. A ideia desse lugar era receber convidados, bailes e teatros. Era o lugar do rei mostrar sua força para outros monarcas e pessoas distintas da época. Posso afirmar que eu ficaria impressionado se fosse até lá…

Tinha 200 salas (20 vezes maior do que as 10 de Sans Souci). Foi nos dito que o rei hospedava seus convidados ali, quando havia alguma ocasião importante. Hoje, está sediada uma exposição, em homenagem aos 300 anos de seu nascimento.

O palácio acabou caindo em desuso quando de sua morte e ficou um bom tempo deixado de lado. Quando o futuro rei Frederico III ainda era príncipe (em 1859) usava o palácio como seua residência de verão. Quando assumiu o trono, em 1888, (por 99 dias) ele acabou reformando um pouco o lugar (cada rei que assume muda a cara do palácio para deixar do seu seu jeito, essa é a tônica) e ficou por lá. Depois dele, o rei Guilherme II deu uma outra geral no lugar e se estabeleceu por lá também. Quando esse rei (Guilherme II, último imperador prussiano) abdicou, o palácio se tornou um museu. Estaria com mobília fredericana até hoje, se não tivesse sido pilhado pelo Exército Vermelho na segunda guerra mundial…

O parque dele não estava tão bonito por causa das reformas que estavam sendo feitas no local.  Nesse palácio nós optamos por não entrar, apenas vimos de fora. Vai ficar para uma outra oportunidade…

À frente do palácio existem outros dois prédios (alas de serviço), que davam direto para os jardins e estavam com tapumes em reforma.

Só prá dar uma ideia, essa é a ala de serviço que, como eu disse, está em reformas. Ela é usada atualmente pela Universidade de Potsdam, que fica no parque Sans Souci…

Querem mais palácios? (por isso que a gente não entra em todos, senão fica louco…) Vamos lá!

Orangerieschloss

Lá em Potsdam a gente descobre como eram os monarcas. Acredito que todos os reis do mundo deviam ser mais ou menos assim. O sujeito assume o trono e quem disse que quer ficar no palácio que o pai/avô fez? Nananinanão, o cara quer é fazer um prá chamar de seu. Afinal de contas, quem casa, quer casa, não é?

Esse aqui é o Palácio do Laranjal (em tradução livre). Foi feito pelo Romântico no Trono, Frederico Guilherme IV, entre 1851 e 1864.

Segundo li, o projeto contemplava mais uma obra gigantesca e imponente (e já é). Só que os tempos foram muito instáveis e não deu prá fazer tudo o que o rei queria. O projeto era quase uma cidade, que ligaria a ala leste de Sans Souci até Belvedere, em Klausberg. Não rolou tudo e só o palácio e um arco é que foram feitos.

Falando assim, até parece pouca coisa. Mas não é. Uma boa foto da frente não vai me deixar mentir.

Foto do palácio visto de baixo, da rua

A fonte, nas escadarias…

O dono do lugar…

Os jardins…

E a panorâmica (créditos sempre pro meu irmão)

Esse aí também estava em reforma. Pelo comprimento do palácio (tinha facilmente uns duzentos metros) eu fiquei pensando em que tipos de festa não deviam acontecer ali, e que delícia seria uma festa de casamento no lugar…

Ainda querem mais palácios? Vamos ao último do complexo do parque…

Schloss Charlottenhof

Esse daqui estava fechado para reformas. Nem água na fonte que ficava em frente ele tinha. Mas mesmo assim deu boas fotos externas. Vamos a uma breve história do lugar?

Se o palácio do Laranjal era a residência do Frederico Guilherme IV, Charlottenhof era seu palácio de verão enquanto príncipe herdeiro. Não tem a suntuosidade do Neues Palais e, por ser menor, tem um pouco da intimidade de Sans Souci.

Alexander von Humboldt foi hóspede do local, entre 1835 e 1840.

O palácio é mais simples, mas também tem um jardim bastante aprazível. Acredito que o príncipe devia gostar de seus ares…

Charmoso o lugar, não?

Saindo de Charlottenhof, temos um imenso jardim com um rio que corta o lugar. É realmente muito bonito, com animais nadando pelo rio, bancos para se sentar. Um lugar de rara beleza e tranquilidade…

Agora acabou, né?

Os palácios, sim. Acabamos não indo em Cecilienhof, onde foi assinado o tratado de Potsdam, porque ele não fica no  mesmo parque. Bom motivo para voltar lá um dia…

No complexo, ainda existe uma igreja, que era dos reis. Como o pessoal por lá era protestante, as igrejas são simples e não possuem aquele estilo cheio de imagens, como na França e Itália, por exemplo. Ela fica rente a um rio que corta o lugar e dá uma impressão muito bonita. A foto não ficou lá essas coisas, porque é difícil de tirar, mas dá uma ideia…

Potsdam é um lugar que realmente vale a visita.

Espero que aproveitem.

Campo de Concentração de Sachsenhausen – triste memória para que nunca mais se repita.

Quando decidi ir para a Alemanha e defini que iria para Berlim, comecei a procurar a existência de algum campo de concentração que fosse nas rendondezas. Não precisei nem procurar muito: Sachsenhausen fica em Oranienburg, uma cidadezinha pequena, próxima de Berlim…

Senta que lá vem a história.

Ir para Berlim é estar sempre se confrontando com duas coisas: Guerra Fria e Segunda Guerra Mundial. Ambas bastante desagradáveis, porém necessárias para que o mundo fosse o que é. Visitar um campo de concentração não é turismo mórbido e nem contemplação da dor. É tornar público tudo o que aconteceu para que nunca nos esqueçamos. E para que os próprios neo nazistas (que sempre surgem em momentos de crise e falta de dinheiro) saibam muito bem a bandeira que estão levantando…

Para chegar em Oranienburg deve se tomar o S1 (Wannsee – Oranienburg). Leva uns quarenta minutos e pega a região C do transporte coletivo de Berlim. Ou seja, um passe diário comum, que cubra as regiões ABC já te leva prá lá. Da estação de trem até o que foi o campo de concentração são uns 3 km (20 minutos de caminhada). É factível, pois a cidade é muito bonitinha, um típico vilarejo alemão. Para quem não quiser o camelo, os ônibus 804 (em direcção a “Malz”) ou a linha de ônibus 821 (em direção a “Tiergarten”) levam ao memorial Sachsenhausen. O bilhete custa aproximadamente 1,40€. Na volta, fique esperto para o horário dos ônibus, porque eles só passam de hora em hora. Quando saímos, ele tinha acabado de passar, então decidimos ir à pé até a estação. Foi uma agradável caminhada, mas é um pouco distante.

Na estação de trem já existem placas sobre o que ocorreu. Os judeus aprisionados tinham que caminhar o trecho entre a estação e o campo. A região, no verão, já é fria. Imaginem no inverno. Some-se a isso o fato da própria população, instigada pelos nazistas, atirar paus, pedras e agredir fisicamente alguns dos judeus que eram, segundo a propaganda oficial, culpados pelas mazelas a que o povo alemão estava submetido.

Na entrada do memorial, existe um grande muro, com os escritos:

Atrás desse muro existe um trecho que se deve caminhar, até o portão do antigo campo.

Grades…

E um muro ladeando o corredor até a entrada.

Chegando na entrada, temos o prédio e o portão, com os dizeres “O trabalho liberta”.

Dali prá dentro é que o bicho pega. Estava muito frio em plena primavera/verão. Lembrei daquele filme “O menino do pijama listrado” e das roupas que os judeus usavam. Era muito cruel aquilo no verão. No inverno, então…

O campo tinha uma série de barracas. Disseram que umas 200.000 pessoas passaram por lá, entre 1936 a 1945, quando os soviéticos tomaram Berlim. Desses 200.000, estima-se em 100.000 o número de mortos. As mortes foram causadas pelos mais diversos motivos, incluindo fome, frio, execuções e doenças…

Aqui uma ideia do lugar

Uma das barracas

Uma planta de como era

Dá prá ter uma ideia de que havia centenas de barracas. Hoje, de pé, existem 4. Duas são museus, com exposições sobre o campo e outras duas estão inteiras, mostrando como eles viviam. Vamos a elas?

Segundo a placa acima, naquela ala da barraca ficavam 250 pessoas. Cada barraca, bem grande, era formada por duas alas. Os banheiros/latrinas (se é que se pode chamar aquilo de banheiros) ficavam no meio. De manhã, quando havia o toque de despertar, todos tinham que correr para se limparem e fazerem as suas necessidades o mais rapidamente possível, pois quem se atrasasse sofria punições. Os banheiros são todos abertos, sem a menor privacidade, como se fossem animais… As beliches ficavam o mais próximo possível umas das outras para caber mais gente. Em tempos de muita população, há relatos de que as pessoas dividiam camas…

Os refeitórios ficavam na entrada dos quartos, junto com os armários. As mesas grandes, acomodavam os prisioneiros daquela barraca.

Cada barraca tinha um responsável, que se reportava para o guarda. Tudo era muito vigiado e restrito. Os judeus, durante o dia, não podiam se dirigir às barracas sem autorização. A utilização dos “banheiros” era limitada a de manhã e à noite, ou quando autorizado pelos guardas…

As barracas eram de madeira, mas tinham calefação. Se não fosse assim, não teria ninguém sobrevivido àquilo…

Andando pelo campo, nota-se o rigor da vigilância. Ele tinha a forma de um triângulo e havia diversas torres de observação. As informações que foram passadas são de que aqueles que tentassem fugir eram alvejados para serem mortos…

Quem chegasse até a chamada “zona neutra”seria alvo de tiros.

Há relatos de que, muitas vezes, os próprios guardas, por diversão, atiravam nos judeus. Nesses casos, havia algumas punições, já que esse tipo de conduta poderia levar à uma rebelião…

Andando pelo local, chegamos nesta casa. Ela fica no final do campo e disseram que era usada para duas coisas. Uma delas era o “hospital”  e outra o IML do lugar, onde se tratavam eventuais doenças e verificava-se do que os judeus haviam morrido… Dizem que aqui foram feitas experiências em humanos, como se sabe que o Hitler fez…

Ainda dentro daquela casa hospital/IML ficava um outro lugar que nos deixou com dúvidas. Ali, naquele campo, foi usada a câmara de gás. Disseram que ficava na Estação Z, que era atrás dessa casa. Mas esse cômodo abaixo nos pareceu muito com uma…

Essa sala, talvez seja essa câmara de gás. Vai saber…

Seguindo em frente dessa casa, vamos para a estação Z propriamente dita. Essa foto abaixo mostra o local de execução, a tiros, que foi construído ali.

Notem que era todo fechado, dos dois lados, para evitar fugas. E o paredão até certo ponto pequeno. A história conta que no dia da abertura, para “comemorar” a inauguração, 96 judeus foram fuzilados ali.

Essa daqui é a entrada para a Estação Z. Atrás desse lugar foi feito o crematório, para se livrar dos corpos dos assassinados…

E isso é o que sobrou dela. Os soviéticos meteram bala nisso aqui tudo, para acabar…

O nome estação Z foi uma piada de mau gosto dos nazistas, já que a entrada do campo era a Estação A, vivos, e a Z, a saída, mortos.

Ainda não acabou…

Esse campo, como disse acima, não tinha o objetivo primário de ser de extermínio. Com o andamento da guerra e a necessidade de lugares para colocar os prisioneiros, ele foi se tornando. Por isso, havia uma prisão lá dentro, onde presos políticos e opositores do nazismo também eram trancados.

Prédio da cadeia

Entrada

E a solitária

Bem no centro do campo, há um monumento feito aos mortos ali…

E uma vista do portão de entrada, em foto tirada no monumento

Terminamos o passeio por esse jardim, onde ficava a casa do responsável pelo local. Havia um bosque e um riozinho lá na parte debaixo da casa. Incrível como o cara podia ter estômago de morar tão perto do inferno…

O bosque

Este campo, além de todos os horrores vistos, era um lugar onde os nazistas produziam cédulas de dinheiro e de crédito de bancos ingleses e americanos, além de moedas. Com o avançar da guerra e a necessidade de dinheiro, os nazistas cunhavam eles mesmos dinheiro para tentar causar um colpaso no sistema monetário dos aliados. Nunca foram encontrados os que fizeram isso, mas há máquinas desse tipo no museu, que não permite fotos..

Bom, e o que aconteceu com o campo após a guerra, podem se perguntar?

Antes da capitulação de Berlim, os alemães deram início a um plano para evacuar o campo. Conhecido como marcha da morte, obrigou os prisioneiros, fracos e desnutridos, a caminharem até o noroeste, em fuga. Os que não resistiam e caíam eram assassinados a tiros pelas SS. Um horror sem tamanho.

Os soviéticos, mesmo com muitos protestos de judeus, usaravam o lugar como prisão até 1950. Ali ficaram nazistas, anti comunistas, espiões e etc. Em 1950 o campo foi fechado. Em 1956 os alemães orientais criaram o memorial, inaugurado em 1961. Após a decada de 1990, com a reunificação, o campo foi liberado e descobriram alguns horrores feitos pelos soviéticos no período. Há um outro memorial, com casas separadas, em um terreno anexo, usado pelos soviéticos para aprisionar os adversários políticos, além de valas comuns, onde o pessoal do Stálin jogou muitos corpos…

O passeio, apesar de parecer pesado, não é. Não é o turismo mais animado do mundo, é claro, mas é preciso que as pessoas conheçam para que novas barbáries como essa sejam evitadas no futuro. Muitos grupos fazem visitas até o campo, que não cobra entrada…

Berlim – onde ficar e como se locomover

Já passeamos pelas Berlins. Ok. Agora vamos à algumas dicas de como fazer as coisas por lá.

Chegando por Tegel, o melhor é pegar um táxi. Até dá para fazer o percurso de ônibus e trem, mas não acredito que compense. Ainda mais se você for ficar em Mitte. Em mais de duas pessoas, então… Um táxi custará entre 15 e 20 EUR, dependendo do lugar de Mitte para onde você vai. Nós ficamos no Tryp Berlim Mitte (recomendado) com estação de metrô próxima (Naturkundemuseum).

Fotos da rua do hotel (graças ao meu irmão, que tirou isso tudo)

Tem foto de dentro do Tryp? Opa!

Fica mais ou menos perto da Alexanderplatz, que é o point de Mitte. Fora a Alexanderplatz, existe um outro polo gastronômico na rua que é continuação da Chausseestraße (lê-se Chausseestrasse), que é a rua do hotel. Aqui existem duas praças Hackescher Markt e Weinmeisterstraße que possuem muitos restaurantes, bares e cafés. Na Sophiestrasse, comemos no Mittedrin (altura do n. 21) e Barcomi’s (no número 21). São galerias que têm várias opções de comida. Adoramos esse lugar. Ele é bem descolado.

Outro lugar legal para almoçar é a região da Friedrichstraße. Essa estação é grande e, do lado de fora,  existem diversos restaurantes com mesas ao ar livre, ao lado do rio Spree. Lugar muito gostoso (se o tempo estiver legal) para curtir.

De onde estávamos, dava para pegar metrô e ir para Friedrichstrasse. Porém, se quiséssemos, daria para pegar o tram (que é um trenzinho que anda sobre um trilho rasgado na rua) que poderíamos ir apreciando a paisagem. Do hotel, não dava mais do que 4 ou 5 minutos de trem para qualquer desses lugares que eu falei.

Além disso, o metrô de Berlim é muito mais barato do que de outras capitais europeias. Estávamos em 4 pessoas e o passe (que valia até para 5 pessoas)  circularem em tudo (metrô, ônibus, trem, e tram) custava EUR 15 para as regiões A-B de Berlim e EUR 15,5 para circular nas A-B-C. Para situar o leitor, Potsdam, lugar que vai merecer um post exclusivo fica na região C, bem como o campo de concentração Sachsenhausen. Não existe catraca no metrô e os tíquetes são comprados em máquinas. Nunca nos pediram, mas sempre tínhamos os bilhetes nas mãos. Os fiscais de Berlim andam à paisana e podem te multar (uns EUR 50 de multa) se te pegarem com bilhete inválido ou sem. Além disso, você valida esse tíquete nas estações, em máquinas automáticas…

Letreiros indicando o destino do metrô e o tempo até o próximo trem

Berlim é uma cidade em que é muito fácil se locomover (apesar dos nomes imensos das estações). Com um mapinha, você facilmente trafega em todas as áreas sem erro. Tudo é muito bem sinalizado, bonito e limpo…

Berlim (a antiga ocidental). Aqui já tinha uma cidade?

Pode parecer um pouco preconceituoso com os socialistas dizer que a nova Berlim será a oriental, já que a ocidental simplesmente já é. Por outro lado, pode parecer preconceituoso com os ocidentais dizer que a parte oriental será a nova Berlim, dizendo que a ocidental não. Confuso?

A verdade é que os socialistas ficaram com a parte central mais interessante de Berlim (Mitte) e que essa parte, historicamente mais relevante, vai retomando seu espaço. A parte ocidental tem seu charme (principalmente nas compras) mas turisticamente é bem menos relevante.

Voltando ao papo das duas Berlins, a Ocidental teve que criar seu próprio aeroporto, Tegel (pronuncia-se Tígel) já que Schoenefeld ficou para os soviéticos. Hoje, 22 anos após a reunificação, estão construindo o aeroporto de Brandemburgo, que substituirá ambos e será o aerporto de Berlim. Talvez isso seja um dos últimos passos para que a cidade seja uma só.

A Kurfürstendamm (Ku’damm se você for íntimo), foi o centro da Berlim ocidental. Aí te dou um doce se você descobrir o que mais tem por lá? Lojas, é claro! Chamada de a Champs-Élysées berlinense, concentra grande parte das lojas de grife da cidade. Se quiser comprar, lá será o lugar.

Ali, fica a Kaufhaus des Westens (KaDeWe), famosa (e cara) loja que tem de tudo. De roupas, a produtos para casa, restaurante e até um supermercado. Ali perto, tem outra um pouco menos cara, chamada Peek & Cloppenburg. No início da Ku’Damm fica a Wittenbergplatz que tem uns restaurantes ao redor da praça, até certo ponto charmosos. Existem, também, muitas lojas de rua por ali.

Peço até desculpas pelas fotos, mas como não nos interessamos muito pelo lugar (até fizemos poucas comprinhas mas não foi nada turístico), acabamos nem tirando muitas. A primeira eu peguei na net.

Até que para um post tão grande quanto o feito para a parte oriental, esse aqui ficou meio “chinfrim”. Vamos a algumas curiosidades, ouvidas durante o passeio…

Curiosidades de Berlim

Na época da Guerra Fria, os metrôs (U-Bahn – Untergraund) que saíam da parte ocidental sul da cidade e íam até a parte ocidental norte (e vice-versa)  passando pela parte leste continuaram trafegando. Apenas não paravam nas estações orientais.

Muitas pessoas tentaram migrar para o lado ocidental pelo metrô. Há vários buracos cavados na cidade que davam acesso aos túneis…

Berlim, por ter sido dividida, tem dois zoológicos…

Os alemães orientais ficaram estarrecidos com o luxo da Ku’Damm, quando da reunificação…

O Parlamento de Bonn (Capital da Alemanha Ocidental) havia sido reformado para acomodar o novo parlamento após a reunificação. Foi deixado de lado, pois os deputados preferiram reformar o Reichstag, em Berlim.

Os socialistas tentavam censurar os canais de TV e rádio. Porém não conseguiam, e muitos berlinenses orientais assistiam a canais ocidentais.

Berlim – Temos uma cidade!

Berlim (Berlin em alemão – pronuncia-se Biélin) será, certamente, uma grande capital. Mas ainda tem ares mais provincianos do que Londres e Paris, só para ficar no exemplo europeu.

Fui para lá certo de que seria surpreendido pela cidade. Tinha um sexto sentido (que me fez reservar cinco dias para lá) de que ali seria o local mais interessante que eu conheceria. Não me decepcionei.

Berlim é um lugar que respira história. Poucos lugares do mundo já foram tão construídos e destruídos quanto ali. Menos lugares do mundo ainda foram divididos por dois modos de produção completamente diversos e viveram com um muro no meio. Poucos lugares explicam a marca de um povo que, pouco mais de 20 anos atrás, estava completamente dividido entre duas potências em guerra. Berlim foi o epicentro da Guerra Fria. Foi a capital do que seria o Terceiro Reich. E, por isso, tem muita história prá contar…

Não se pode esquecer que Berlim foi reunificada 22 anos atrás e, por isso, ainda está em construção. Mas eu esperava encontrar uma cidade mais dividida do que ela é. A parte oriental, sacrificada pelo socialismo, está muito bem amalgamada na cidade. Diria até que é muito mais interessante do que a Ocidental, que tem um ar mais comum de cidade grande…

Para situar o leitor. Berlim foi destruída na segunda guerra. Depois dela, com o tratado de Potsdam, foi dividida, na teoria, entre os quatro vencedores. Na prática, entre americanos e soviéticos. Após o término da guerra, havia muitos terrenos grandes disponíveis em pleno centro da cidade, em locais que as grandes capitais do mundo já têm sedimentados como históricos. Some-se a isso o fato de que, em 1961, foi erguido um muro que isolava a parte ocidental da cidade (americana), não apenas da oriental, mas também de todo o país oriental (Berlim fica na parte oriental da Alemanha, ou seja, era um estranho capitalista no meio do mundo socialista). Mais uma adição tem que ser feita: O muro tinha uma área de segurança, ou seja, alguns bons metros de distância entre o lugar onde as pessoas poderiam chegar e o muro propriamente dito. Em resumo, havia “n” terrenos à disposição de soviéticos e americanos. Ah, e dos alemães, também.

Aqui, a Potsdamer Platz. No meio dela passava o muro. Dá prá ver, no fundo, os “flats” típicos da arquitetura socialista. Há um vão enorme entre esses prédios e o atual Sony Center, um dos lugares mais modernos de Berlim. Aqui, praticamente na área central de Berlim, ainda tem muito espaço livre. Essa praça foi completamente destruída na segunda guerra.

O telhado do Sony Center, feito após a reunificação.

O nome da praça se deve à cidade de Potsdam, em um lugar onde passava a antiga estrada para lá.

Caminho do muro. Eles estão em toda parte (onde o muro passava, é claro)

Berlim combina muito bem o novo com o velho. A cidade me fez ter uma nova visão sobre como conservar o patrimônio histórico sem manter elefantes brancos abandonados e prédios sem nenhuma serventia, deixados ali sob a visão de “patrimônio histórico”. Todos os administradores de cidades brasileiras deveriam dar uma volta por lá para entender como aproveitar o espaço urbano sem derrubar os prédios antigos e simplesmente fazer outros novos no lugar.

O passeio vai começar pela Alexanderplatz, área viva de Mitte (fala-se Mittê ou Míttê, não adianta pronunciar Mítí como faríamos em português que eles não entendem). Aqui temos a Berliner Fernsehturm, que nada mais é do que a torre de TV que te dá uma visão de 360 graus da cidade. Vamos a algumas imagens tiradas de lá…

A própria Alexanderplatz vista da torre

Mapa atual da cidade de Berlim, com seus bairros

Notem que interessante é a parte oriental, com sua arquitetura típica socialista de flats

Os flats com alguma área verde no meio da “selva de pedra”

Vista geral da cidade

Aqui na Alexanderplatz, temos o mundialmente famoso relógio com as horas do mundo. Na minha opinião, um mico…

Mais de perto

Aqui mora o coração da, digamos, “nova Berlim”. Sempre se lembrem dos terrenos e do muro. A parte capitalista teve uns 50 anos para se fazer. A socialista deixava muitos “espaços de segurança”, característicos do regime.  Então, nesses espaços, a cidade se reconstrói.

Andando um pouco da Alexanderplatz ficam alguns dos “monumentos de Berlim”. Vamos conhecer o portão de Brandemburgo (Brandenburger Tor)? Dá prá ir à pé (é recomendável, inclusive).

Olha aí o menino

O portão de Brandemburgo ficou isolado durante toda a guerra fria. O muro passava na frente dele e ele ficou do lado oriental. Não servia para nada, já que estava na tal área de segurança que permeava o muro…

Foto comparativa entre o portão com e sem o muro

Existe uma data famosa, em que o presidente americano Ronald Reagan fez um discurso em frente ao portão, pedindo ao Gorbachev que “pusesse o muro abaixo”. Bem, quem fez isso não foram os soviéticos, mas os próprios alemães..

Andando um pouco para a frente, temos o Reichstag, prédio onde fica o parlamento alemão.

Para mim, essa é a única visita “obrigatória” em Berlim. É fantástico. Vou contar a história que o guia me contou lá dentro. O Reichstag é um prédio. O Bundestag é O parlamento alemão. O Bundestag hoje, está situado no Reichstag, ok? Ele foi reformado após a queda do muro (também ficou isolado durante a guerra fria) e se tornou a sede do parlamento em 19/4/1999, após a transferência de Bonn (capital da Alemanha Ocidental).

Uma foto da época para ilustrar…

Aqui, para mim, tirei as fotos da viagem. Ei-las:

O que são esses escritos, o leitor pode perguntar? Esses escritos são aqueles deixados pelos soviéticos que tomaram o Reichstag, no final da segunda guerra. Todo mundo que estudou história deve conhecer a famosa foto da capitulação de Berlim, quando os russos hastearam a bandeira com a foice e o martelo ali. Nesse dia, eles escreveram, com carvão ou giz de cera azul (que os comandantes tinham para marcar os mapas) recados ao Hitler. Existem lembranças como “Berlim Stalingrado”e “Viva Stalin”. Os russos tomaram Berlim sozinhos (e sempre fizeram questão de deixar isso claro) e estavam com muito ódio dos alemães (Stalingrado ficou sitiada por 2 anos na guerra e a população que não morreu de fome, teve que praticar até canibalismo!). Pois bem, dá prá entender por que cada um queria deixar sua marca na história…

Como isso ficou bem conservado até hoje, podem perguntar? Segundo o guia, as colunas foram cobertas com placas de gesso, já que o palácio foi completamente destruído na guerra. Só ficaram mesmo as paredes laterais. As próprias colunas ainda têm marcas de bala! Assim, esse gesso conservou os escritos, que foram descobertos na reforma que foi realizada a partir de 1990. Os próprios alemães resolveram manter aquilo ali, não como um símbolo de vergonha, mas para retratar um momento histórico…

Por dentro, o prédio é ultra moderno e tem a famosa cúpula que dá uma bela vista da cidade. Infelizmente no dia que fomos estava chovendo, mas mesmo assim deu para apreciar a arquitetura…

A cúpula

E o local de sessões do parlamento

Na parte debaixo, existe uma obra de arte com todos os nomes de deputados alemães. Eles levam isso muito a sério porque os nazistas mataram ou exilaram muitos dos que eram opositores… Um deles, é o próprio bigode, de infeliz memória para toda a civilização…

A sensação que tive é a de que os alemães são muito seguros em relação ao seu passado. Não sentem vergonha e nem se omitem. Eles próprios se sentem vítimas de um sujeito que, segundo um professor meu, de tão mau, torna o adjetivo demoníaco, uma ofensa ao senhor das trevas… Tomara que, baseado nas suas próprias memórias, eles jamais se deixem subjugar por outro desses…

Ao fundo do Reichstag, o Tiergarten, o parque dos berlinenses…

O Tiergarten é o parque dos berlinenses. É bonito, mas não se compara com os demais parques de capitais. Há histórias que, durante uma epidemia de frio, os próprios políticos alemães mandaram o povo cortar as árvores que lá existiam para aquecerem suas lareiras… Lá, tudo tem uma história…

Andando um pouco, passando novamente em frente ao portão e descendo a Ebertstrasse, chegamos ao monumento às vítimas do holocausto. Fizeram um monumento aos milhões de judeus assassinados na segunda guerra mundial, com diversos blocos de concreto, de diferentes alturas, lembrando um cemitério. Local para fotos…

Outro ponto interessante de Berlim é a coluna da vitória (Siegessäule). Mais uma coisa que tem muita história na cidade. Foi construído pelos prussianos em 1873 para celebrar vitórias militares sobre a Áustria, Dinamarca e França. E o detalhe, é que ele ficava na praça em frente ao Reichstag e foi retirado dali pelos nazistas para deixar a área livre, pois aquela região seria o centro administrativo da “nova capital do mundo”… Pois é, o projeto de nova capital do mundo não deu certo, mas a sorte de o monumento ter sido transferido foi enorme, já que se estivesse no local original certamente teria sido bombardeado pelos soviéticos…

Uma foto do belo monumento

Saindo da segunda guerra e voltando para a guerra fria, vamos dar um passeio pelo DDR Museum, que possui diversos objetos que lembravam a vida dos socialistas na Berlim Oriental.

Aqui eu tive uma grande surpresa. Sinceramente, esperava uma grande discrepância entre as casas capitalistas e socialistas. Não encontrei tanta diferença assim, na média. Tudo bem que a qualidade dos produtos era inferior, a das roupas, idem, e as pessoas passavam por racionamentos de comidas. Mas essa casa montada se pareceria muito bem com uma casa capitalista da década de 60 e 70, com televisão, água encanada, fogões, banheiros, etc. A vida era bem diferente, com muitas privações, mas as casas, em geral, guardavam certa semelhança.

Tendo em vista que uma casa capitalista pobre deveria passar por privações ainda maiores do que as que passavam os socialistas, não sei bem como tirar alguma conclusão sobre o assunto. Se a casa comparada for uma casa de uma pessoa rica, obviamente que será muito inferior. Porém, se for comparada com alguma casa de periferia, provavelmente apresentará melhores condições de vida. É um exercício de comparação complexo e, pelas fotos, cada leitor pode tentar concluir alguma coisa…

Esse museu tem uma série de coisas interessantes e dá prá perder uma tarde tranquilamente por lá. Mas vai exigir imaginação do visitante, que precisará abrir a cabeça para tentar entender o mundo dos socialistas.

O Muro

Já falei, por cima, de diversas coisas relacionadas ao muro. Só que, em Berlim, acredito que seja interessante tirar um tempo para tentar entender sua história e a por trás dele. Para isso, vamos começar nosso passeio por um dos lugares mais emblemáticos de Berlim: O checkpoint Charlie.

Esse lugar era um dos raros pontos de comunicação entre as “Berlins”. Era uma fronteira de países, dentro da mesma cidade. Havia controle de passaporte, verificação de documentos e etc. Nem precisa dizer que a passagem da parte oriental para a ocidental era muito mais complexa do que o contrário. Em tese, os ocidentais podiam fazer o que quisessem. Os orientais, na prática, não.

Vista estando no setor americano

E aqui, do setor soviético…

Eu sempre me pego pensando na maluquice que devia ser aquilo. Imagine você, um berlinense típico. Aplique isso para qualquer cidade do país. Pense que você tinha amigos/parentes vivendo num bairro e você no outro. Aí vocês entram numa guerra, perdem essa guerra e os que te venceram entram na sua cidade e a dividem entre si. Numa bela noite levantam um muro e impedem que você tenha contato com essas pessoas, talvez pelo resto da vida. Como será que você se sentiria?

Uma maquete, do museu DDR, de como era o muro

Existiam torres de vigilância por toda a extensão do muro. E com ordem de atirar para matar em quem quisesse se meter no meio da área de segurança… O muro, inclusive, cortava o próprio rio Spree em determinados lugares. No Checkpoint Charlie existe um museu muito interessante que conta diversas histórias de pessoas que tentaram (e conseguiram ou não) atravessar o muro. Teve gente que usou balão, porta malas de carros, antenas de televisão, submarinos, passaportes falsos e etc. Muitos dos casos eram até de noivos e noivas que foram separados, no calar da noite, pelo erguimento do muro…

Hoje, pessoas se vestem com os uniformes da época e cobram por fotos no lugar. Além disso, é possível obter um carimbo da Alemanha Oriental no seu passaporte, caso tenha interesse.

Seguindo pela Zimmerstrasse, do próprio Checkpoint Charlie, chegaremos à exposição topografia do terror. Ali existe um grande pedaço do muro ainda de pé e bastante danificado. Essa exposição fala dos terrores do nazismo e fica na região da Gestapo e das SS. Essa rua, no delírio nazista, era o centro de controle de Hitler, onde havia diversos prédios de sua administração. Boas fotos…

Terminando o passeio sobre o muro, visitamos a East Side Gallery, maior extensão preservada dele. Fica à beira do rio Spree e possui diversas obras de arte pintadas. É bonita e serve muito bem para fechar o tour sobre o muro…

Aqui termina esse passeio por Berlim. No menu ao lado existem outros links para a continuação dessa viagem. Espero que gostem!