Genebra – Mais charmosa que Zurique…

Genebra é bem mais charmosa que Zurique. Sim, isso foi uma constatação nossa por lá. Mas é cidade grande do mesmo jeito, tem um lago do mesmo jeito e é bem arrumada do mesmo jeito. Só o trânsito que é um pouco pior.

Geneve tem os semáforos mais demorados da face da terra. Eles demoram uma enormidade para abrir e fecham muito rápido. De todo modo, não é um lugar para se andar de carro…

Também não fizemos fotos dignas de lá… 😦

Para fazer registro: Para visitar temos o relógio floral, que fica do lado do lago. Também temos os prédios das Nações Unidas, que ficam por lá. Fifa também. Enfim, todos os órgãos mundiais que precisam de um lugar “isento” para se estabelecer, fazem isso em Geneve.

Não foi nossa cidade favorita, aliás, longe disso. O post aqui é só para fazer o registro…

Berna – Chove chuva, chove sem parar

Pensei um pouco antes de escrever sobre Berna. Passamos no máximo umas duas horas na cidade, no nosso caminho para Genebra. A mesma chuva chata que nos pegou em Interlaken foi acompanhando durante a viagem. Quando paramos na capital Suíça, o tempo não ajudava.

Berna é uma cidade bonita. A parte histórica do Centro é legal e as pontes altas que cortam a cidade dão um charme. Só que não fizemos nenhum passeio digno de registro, a não ser uma visita dentro do Parlamento Suíço, para fugir da chuva. Foi um desespero da minha esposa, que estava indignada com esses passeios “políticos”. E cá entre nós que ouvir debate em alemão não é mesmo um programa para se fazer.

Vou deixar umas fotos aí só para registro. Aqui não vai ter muita coisa legal sobre Berna para relatar por causa da chuva…


Depois montamos no nosso Nissan Quasqai e fomos para Genebra. Até lá.

Interlaken – De como não subimos no Top Of Europe

Machado de Assis, nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, dedicou, a um capítulo, o título “De como não fui Ministro D’Estado”. E o deixou em branco.

Até tinha pensado em fazer a mesma coisa aqui, mas achei que o caráter literário daquela obra não caberia num blog de viagens. Iam dizer que eu era maluco.

Nossa passagem pela Suíça teve quatro destinos. De dois eu já falei (St. Moritz e Zurique). O terceiro foi Interlaken, ponto de parada para subir ao Top of Europe, que é a montanha mais alta do continente. A Jungfraujoch virou um parque de diversões no gelo, com diversas atividades lá em cima. A principal delas, por óbvio, é a visão panorâmica dos Alpes.

Interlaken

É uma charmosíssima cidade Suíça localizada no cantão de Berna (ainda alemão, portanto) com população fixa de 5300 habitantes. Interlaken significa entre os lagos e é justamente isso que ela é. Uma cidade entre os lagos de Thun e Birenz.

Uma coisa interessante que notamos na Suíça é que tem muita gente que fala português por lá. Não brasileiros, mas portugueses. Em St. Moritz, como já relatei, o nosso garçom era da terrinha. Em Interlaken não encontramos, mas segundo a wikipedia e um censo realizado por lá, quase 4% da população do local fala a nossa língua.

Diferentemente de St. Moritz, que era uma cidade fantasma no verão, isso não ocorre com Interlaken. Por causa do JungFrau muitos turistas procuram a cidade em todas as estações do ano, o que sempre dá movimento. A cidade é muito limpa, charmosa, bela e bem cuidada. Fotos de porta retrato. Quem conhece Gramado ou Campos do Jordão pode tirar uma base.

Existe uma avenida que corta a cidade de leste a oeste. E umas duas ou três ruas para cada lado dessa avenida. A estação onde se embarca para o Jungfrau é a Interlaken Ost (Leste) mas a maior parte dos hoteis fica na West (Oeste). Elas distam mais ou menos 1,5km e são servidas por ônibus que fazem o trajeto em 5 minutos. Os trens também sempre param nas duas.

Nesta avenida existem lojas e restaurantes, um belíssimo hotel e praças e mais praças verdes e belas. O rio que liga os lagos de um azul fantástico também dá as caras por ali. Vamos dar uns rolês por fotos:

Esta última foto é da região da Interlaken Ost

Grindelwald e Lauterbrunnen

Bom, o top of Europe (aquele que não fizemos, não rolou no nosso primeiro dia). Como estávamos de carro e um dos passeios que faríamos subindo seria parar nos vilarejos alpinos, decidimos pegar o nosso carro alugado e ir até lá. Uma chuva super chata nos acompanhou o tempo todo e diminuiu nossa paciência para passear. Ainda assim fizemos fotos:

Grindelwald tem 4.166 habitantes e Lauterbrunnen 3.288. São típicos vilarejos alpinos suíços, muito organizados e bonitos. Esses dois, no passeio completo do Jungfrau, são paradas obrigatórias. Dá prá ir de carro até eles (existem estacionamentos enormes próximos às estações de trem de ambas cidades) mas não compensa. A subida ao topo pode ser feita por uma cidade e a descida por outra, tornando o passeio mais aprazível. Deixar o carro lá necessariamente faria o caminho ser o mesmo e faria o viajante não conhecer uma das duas.

São cidades pequenas, com lojas voltadas para turistas. As casas são espaçadas e existem criações de vacas, etc. A vida parece bem pacata e calma.

Vão umas fotinhas: primeiro de Grindelwald

Um dos estacionamentos, acima

E Lauterbrunnen

Trem, no caminho

Fiquei com a sensação de que Lauterbrunnen é mais bonitinha do que Grindelwald. Mas essa percepção pode estar viciada, já que em uma delas estava chovendo uma chata garoa fina e na outra não. Enfim, vale conhecer as duas se for possível.

O Top of Europe

Bom, não posso reclamar da sorte. Tivemos uma sorte enorme em St. Moritz, quando vimos neve pela janela, uma boa vista panorâmica do alto do hotel e muitas fotos de montanha. Em Interlaken, contudo, essa mesma sorte não nos sorriu. Acordamos no dia seguinte tentando mais uma chance de subir e não teve jeito. O nosso hotel, o Alphorn, tem uma câmera lá no restaurante que fica no topo do Jungfrau. A visibilidade era péssima, a chuva, intensa. O passeio custa mais de R$ 400 (200 Fr. mais ou menos) por pessoa. Subir para não ver nada é uma situação impensável. Desistimos da ideia e optamos por tomar o caminho para Berna (que não estava nos planos) e de lá para Genebra.

Para o leitor que quiser conhecer o circuito do Top of Europe é circular. É um passeio de trem de umas duas horas que te leva a um parque nas alturas. Não compensa subir se a visibilidade for baixa. Para informações mais práticas, o fantástico Ricardo Freire no seu Viajenaviagem teve mais sorte que eu.

Seguimos para Berna após uma aprazível estada em Interlaken, com muito chocolate suíço, fondue e lindas fotos…

Zurique – não vá para Zurique.

Bom, vamos começar o primeiro dos posts pequenos (o outro será sobre Genebra) falando de Zurique.

Não vá para Zurique, é sério. Na minha opinião só vale passar lá se for para chegar ou sair da Europa pela Suíça. Para os teimosos (como eu mesmo fui) que insistirem em ir para o lugar, aí vai um breve relato do que fazer por lá.

Já disse no post de St. Moritz que na Suíça eles respeitam esse papo de guardar o domingo. A ponto de em Zurique, maior cidade e mais importante, só ter um único mercado aberto e na Hauptbahnhof (estação central de trem). Estava lotado, como só poderia ser.

O passeio clássico de Zurique é descer a Bahnhofstrasse vindo da Hauptbahnhof, supostamente conhecida com a rua mais cara do mundo. Aquele bando de lojas carésimas e joalherias maravilhosas estão todas lá. A rua acaba no lago, onde os zuriqueanos (sei lá se é assim que se escreve) passam o seu domingo curtindo…

No meio dela está a coisa mais legal de Zurique: a Confiserie Sprüngli (que não é nada demais). É uma confeitaria chique, requintada, com bons doces. Comi um por lá (nem me lembro qual) e digo que não era nada inesquecível. Talvez seja meu paladar, mas, enfim.

Almoçamos no Zeughauskeller, que também fica na Bahnhofstrasse. Ali aconteceu a coisa mais surreal da viagem: fomos furtados. Pois é, vacilamos com nossa câmera, esquecemos sobre a mesa e ela “sumiu”. Não me cabe acusar ninguém, mas só o garçom passou na mesa após sairmos…

Pois bem, perdemos grande parte do dia em Zurique atrás dessa câmera. Fui até a polícia, choraminguei horrores no restaurante, mas a sutileza e ranzinzisse suíças nos superaram. Eu disse à policial que eu jamais esperava que um negócio desses acontecesse em Zurique e ela me disse que isso era razoavelmente comum por lá, principalmente depois que caíram as fronteiras da União Europeia. Fato foi que a câmera dançou e o resto da viagem foi com a câmera do meu irmão. Por sorte eu tinha um backup das fotos de Berlim e Roma, mas não de Veneza e St. Moritz. Enfim, passou…

Lago no fim da Bahnhofstrasse

Barcos que o pessoal usa para lazer por lá

Essa aí de cima é a St Peter Kirche

Eu gosto muito de igrejas, mas na Suíça, só por fora. As igrejas protestantes não possuem adornos então são meio sem graça por dentro. Pelo nome essa nem devia ser protestante, mas não entramos, então não sei como era…

Talvez se tivéssemos ido num dia de semana a cidade se tornaria mais interessante. O que posso dizer é que um domingo em Zurique é um saco.

Como fomos para Genebra depois (numa terça-feira, portanto dia útil) e chegamos com a cidade ainda aberta, posso dizer que também não achei nada demais. Em comparação, se tivéssemos ido a Zurique num dia útil, provavelmente seria mais legal do que foi, mas não muito. De todo modo, foi totalmente dispensável.

Ainda havia alguns lugares para se visitar, como a FIFA, por exemplo. Mas nem estava no meu roteiro e era fora de mão de onde estávamos. Com muita raiva pela câmera perdida, pusemo-nos a dormir, desejando o quanto antes ir embora.

Ali em Zurique mudamos o nosso meio de transporte. Saímos do trem pontual e pegamos algo menos rigoroso com o tempo. Alugamos um carro para ir até Interlaken e de lá para Genebra. Valeu a pena. Estávamos em quatro pessoas e essas passagens de trem custariam uma fortuna. O único cuidado é que um carro é inviável em Zurique, Genebra ou qualquer lugar na Suíça que não tenha estacionamento incluído (nada tem, só as cidades pequenas). Nosso hotel em Interlaken era “parking free” então optamos pelo carro apenas para fazer os trajetos entre as cidades.

Na Suíça as ruas todas são marcadas para estacionamento, existem parquímetros EM TODO LUGAR (até na menor rua da menor cidade) e custa os olhos da cara parar esse carro. Em muitos deles apenas os moradores da região possuem autorização para estacionar.

Enfim, o carro é uma boa para se deslocar entre cidades, mas só compensa se seu hotel tiver estacionamento incluído e você andar de ônibus ou tram por lá. De outro modo, vai ficar muito caro e é provável que o trem acabe saindo mais em conta.

Além disso, em muitos hoteis, eles dão o passe para você usar o transporte coletivo da cidade gratuitamente durante sua estadia…

De maneira geral, espere gastar na Suíça tudo o que economizou no resto da viagem. E prepare-se para economizar no restante, porque vai estourar seu orçamento. Os preços na Suíça são surreais!

Posso dizer que visitei Zurique porque era um sonho. Obviamente que é uma cidade organizadíssima, bem cuidada e funcional. Só não tem muitos atrativos turísticos. Na minha opinião, se quiser visitar o país, vá para alguma cidade alpina. Ali é que está o charme.

Tchau!

St. Moritz, o Bernina Express e o hotel no topo da montanha…

Já estou suspirando antes mesmo de começar a escrever esse post. Talvez ele retrate o que aconteceu de mais interessante em toda essa viagem…

Vamos passear pelo Bernina Express, chegar em St. Moritz e dormir no Muottas Muragl, o hotel mais legal de toda a viagem. Daqui a pouco conto o motivo.

Pois bem, saímos de Veneza cedinho, antes do sol nascer, no vaporetto das 6:20 da manhã. Tínhamos um trem que nos levaria a Milão (Freccia Bianca) às 6:58 hs. Aqui foi onde eu descobri que ir à estação Santa Lucia era muito mais negócio do que ir até o aeroporto. O primeiro vaporetto saía exatamente neste horário. Não pense em querer sair mais cedo porque não vai dar certo.

A viagem até Milão leva 2 horas e meia nesse trem. É rápida e não muito interessante. Para nós, foi nossa primeira vez em trens europeus, então valeu a experiência. Mas não tem nada digno de nota por aqui.

Chegamos em Milão no horário e de lá pegamos o trem regional que nos levaria té Tirano, cidade fronteiriça entre a Itália e a Suíça. Um vilarejo charmoso, pequeno e que deve ser muito interessante de se olhar. Isso se não estiver chovendo, é claro, como era o nosso caso. Assim, só deu tempo mesmo de comer alguma coisa e se preparar para pegar o Bernina propriamente dito, que nos levaria a St. Moritz. Basicamente um dia inteiro em trânsito…

Mezzo Itália, durch Schweizer (meio Itália, meio Suíça)

Para pegar o Bernina Express, não basta apenas o Swiss Pass, mas também uma reserva (paga) no site da ferrovia. A passagem (para quem não tem Swiss Pass custa uns 25 francos). Espere gastar uns 40 francos entre reserva e passagem.

A diferença do Bernina para o trem comum (que faz esta mesma rota) é o fato de ser panorâmico. Os vidros são enormes justamente para termos uma noção completa da ferrovia. Em termos de conforto, não senti tanta diferença em relação a um trem comum.  Mas a rota toda é muito bonita.

Olhem o biluzinho que nos levou a St. Moritz…

Antes de embarcar no trem passei minha primeira experiência interessante na Suíça. Como se nota claramente nesta placa, está escrito que o nosso trem iria para Davos, mas havia, em letras menores, menção a St. Moritz.

Pois bem, tendo em conta aquele velho e bom hábito brasileiro de perguntar tudo para alguém (até o que está escrito em uma placa na sua frente) bem como confirmar todas as informações umas quatro vezes (se possível com pessoas diferentes) fui até o funcionário da companhia. Segue o diálogo:

Eu: Boa tarde, este trem vai para St. Moritz?

Funcionário: Não, vai para Davos.

Eu: Ok, ok, então qual é o que vai para St. Moritz?

Funcionário: Nenhum.

Eu: Mas como, se eu perguntei agora no guichê e me disseram que esse trem iria…

Funcionário: Este trem vai para Davos e PASSA por St. Moritz.

Eu: E ele para lá?

Funcionário: Sim, com certeza.

E se despediu.

– Momento digressão nacional –

Ainda quero escrever uma tese sobre esse hábito de nós brasileiros sempre perguntarmos TUDO para uma pessoa. Não confiamos em placas, em anúncios, em escritos, nada! Apenas o que alguém nos diz é que vale (provavelmente para termos em quem colocar a culpa caso algo dê errado). Você aí meu caro brasileiro, minha cara brasileira, que está doido para ir até a Europa com esse seu hábito: esqueça! Lá existem máquinas para tudo e não tem para quem a gente perguntar. Se perguntarmos o que está numa placa (hábito comum aqui no Brasil) eles fazem cara feia ou tiram sarro (como fez o cara do trem). Nas estações alemãs e suíças não há catracas e nem bilheterias, apenas máquinas e muitas placas, com ótima sinalização. Vá na fé e acredite no que elas dizem. Funciona.

– Fim do momento de digressão nacional –

Entramos no dito cujo e na hora exata ele partiu…

Tchau Tirano!

Essa rota é um passeio. Partindo que na Suíça temos relógios, chocolates e trens pontuais, estamos apreciando aqui uma das coisas mais típicas do lugar. A ferrovia é muito bonita, em certos pontos bastante íngreme e com paisagens de tirar o fôlego. Aqui, mais do que escrever, vamos ver fotos:

A famosa ponte de pedras, patrimônio cultural da humanidade está logo no início do passeio

Aí o leitor vai reclamar (e com razão) da qualidade das fotos. O problema é que a maior parte delas está em movimento e todas foram tiradas pelo meu irmão (no post de Zurique eu explico porquê).

Mas a paisagem (como se nota) vai de picos nevados a vales com lagos. Campos e descampados. É uma paisagem muito bonita de se ver, relaxante e bucólica. A Suíça é bucólica por natureza. Calma, tranquila e serena. Mas sem se comprometer com ninguém, é claro.

Há algumas paradas no caminho para fotos e nosso foco foram os picos nevados (coisa de brazuca que não conhecia neve). Enfim, o passeio valeu a pena.

Quando chegamos em Pontresina (uma estação antes de St. Moritz) resolvemos saltar do trem. Nosso hotel, o Romantik Hotel Muottas Muragl não fica em St. Moritz, mas em Samedan, no alto do monte Engadin. Essa dica vai toda para o Ricardo Freire, que passou por lá e indicou o hotel, mesmo sem ter ficado. Ele é “pagável” em baixa temporada e valeu tudo o que passamos para chegar até ele.

Estação de Pontresina e a placa no busão: por favor, não serre o banco.

Depois de Pontresina existe uma estação chamada Punt Muragl, em que o maquinista pára se solicitado (gente, o acento diferencial é necessário aqui, eu mesmo me perco, então vou usá-lo, desautorizando o novo acordo ortográfico). Eu sabia disso, mas não sabia se o Bernina pararia na solicitação. Então optei por descer lá em Pontresina, me informar e pegar um ônibus de linha. Foi isso que fizemos. Deixamos mais um monte de francos suíços por lá (tudo é muito caro na Suíça) e descemos em frente ao hotel, onde pegamos o funicular. Aí sim, vamos às fotos (preste muita atenção a elas e compare porque na descida a paisagem mudou radicalmente:

Sobe!

Para quem conhece o Corcovado, esse trem é do mesmo estilo daquele. Há um cabo de aço, puxado por uma máquina lá em cima, que leva a cabine do trem.  O hotel fica a 2.456 metros e Pontresina a 1.777. Subimos aí uns 700 metros para chegar ao hotel.

E quando chegamos, aí vão outras fotos:


O hotel é muito interessante. Tiramos muitas fotos lá em cima, mas já estava anoitecendo. Aí fizemos o check-in e resolvemos descer para conhecer St. Moritz.

St. Moritz, a cidade fantasma.

Não é exagero o título acima. De maneira nenhuma. St. Moritz é uma vila típica Suíça, de população de 5.029 habitantes segundo a wikipedia. Descobriram o lugar na década de 80 e virou uma estação de esqui que recebe em torno de 200 mil visitantes anualmente.

Eu pensei (errado) que houvesse algo na cidade mesmo no verão. Que nada, não tem. Ainda mais se for no início da temporada (chegamos lá no dia da reabertura do hotel em que ficamos, por exemplo). Não tinha uma alma na rua! É desesperador. Ainda mais que era sábado e a Suíça respeita esse negócio de não funcionar nada de domingo. Chegamos lá eram umas 18 horas, portanto, as lojas já estavam fechadas e só reabririam na segunda-feira.

Foi uma mão de obra achar um lugar para comer. Havia UMA pizzaria aberta e mais nada. Depois de muito rodar, achamos e comemos lá mesmo. O garçom, português educadíssimo, nos disse que não tinha nada lá naquela época porque a cidade vive de inverno. Os hoteis estavam em reformas e as ruas da cidade, idem. Os cinco estrelas estavam todos fechados. Enfim, éramos nós quatro e um ou outro gato pingado…

No fim, tiramos poucas fotos no lugar (e em todas nós estamos) então não vai ter foto de St. Moritz deserta aqui. Acho que eu até tirei umas com a minha máquina, mas aconteceu um acontecido que nem gosto de lembrar…

Enfim, se você conhece Campos do Jordão ou Gramado, St. Moritz é o original disso. Uma cidade limpíssima, arrumada, organizada e cara de doer. Essas lojas que você encontra na Oscar Freire, em São Paulo, estão por todo lado ali. É um culto ao luxo, cercado de montanhas e com um visual fantástico.

O detalhe maior foi que comemos super rápido porque eu tinha visto que o último ônibus para Pontresina sairia às 19 horas. Pois bem, chegamos no ponto uns minutos antes, mas havia uma placa em alemão dizendo alguma coisa. Até perguntarmos ao simpático garçom o que aquilo queria dizer, e descobrirmos que significava que o ônibus não passaria naquele ponto por ele estar em reformas, já o tínhamos perdido.

Corremos até a estação de trem para tentarmos uma solução (o próximo ônibus só viria dali duas horas). Encontramos uma simpática russa que estava tão perdida quanto nós naquela cidade fantasma, descobrimos um trem que partiria em minutos e conseguimos pegá-lo. Chegamos ao ponto de trem do hotel e ficamos felizes pelo fato do maquinista ter aceito nosso pedido de parada.

Subimos de novo o funicular.

Tiramos umas fotos das montanhas, mas já estava anoitecendo (eram umas 21 horas). O hotel foi esvaziando e ainda nem tínhamos desfeito as malas. Demos umas voltas pelos mirantes, tivemos uma visão muito bonita e fomos dormir.

Aí tudo mudou…

Neve no verão

Quando acordamos, minha esposa disse que estava tudo branco lá fora. Ela tentou limpar os olhos (achando que estivessem embaçados, mas o branco seguia). Quando abrimos a janela, 7 horas da manhã…

Ah muleque!

Estava tudo branco. Tinha nevado a noite inteira e nós tivemos o privilégio de pegar neve em pleno verão. O pessoal da recepção estava confuso, os suíços, idem, e nós felicíssimos. Tudo o que queríamos era ver neve e ela estava ali, do nosso lado. Tiramos uma tonelada de fotos:

Aquelas montanhas das fotos ali de cima se tornaram essas montanhas aqui. Para nós foi muito interessante ver aquilo, mas ao mesmo tempo nos assustamos. Nós iríamos ao Jungfraujorch, que é o topo da Europa, em Interlaken, mas não levamos roupas de neve achando que em Berlim elas seriam mais baratas. Não achamos roupas de neve em Berlim (era verão, foi a frase que ouvimos) e os suíços não conhecem esse papo de alugar roupa (como ocorre em Bariloche). Roupas que aguentavam o frio nós levamos, mas não as para a neve, que é muito molhada e ensopa o pé.

Naquele mesmo dia iríamos pegar o trem que nos levaria a Zurique e ficamos preocupadíssimos em conseguir chegar na estação com aquilo tudo de neve. Havia bem uns 30 centímetros. Quando entrarmos no funicular, a vista foi essa:

Eu mesmo disse que para mim aquilo parecia decoração de natal de shopping. Pois bem, tivemos muito mais do que neve….

Chegando na estação, essa era a visão:

Antes de descer, perguntamos à funcionária da recepção se estava nevando lá embaixo. Ela me disse que sim, com a maior cara de tranquilidade. Perguntamos de novo se daria para andar de tênis e ela respondeu que não sabia. Fomos na fé e deu. A neve já havia derretido em grande parte e lá em cima estava muito mais frio do que embaixo, na estação de trem.

Deu tudo certo, mas acabamos correndo muito no hotel (por causa do horário do trem) tanto que mudamos o meio de transporte em Zurique. De todo modo, foi uma experiência incrível e inesquecível para nós. Apesar de ser tão trivial aos suíços…