Zurique – não vá para Zurique.

Bom, vamos começar o primeiro dos posts pequenos (o outro será sobre Genebra) falando de Zurique.

Não vá para Zurique, é sério. Na minha opinião só vale passar lá se for para chegar ou sair da Europa pela Suíça. Para os teimosos (como eu mesmo fui) que insistirem em ir para o lugar, aí vai um breve relato do que fazer por lá.

Já disse no post de St. Moritz que na Suíça eles respeitam esse papo de guardar o domingo. A ponto de em Zurique, maior cidade e mais importante, só ter um único mercado aberto e na Hauptbahnhof (estação central de trem). Estava lotado, como só poderia ser.

O passeio clássico de Zurique é descer a Bahnhofstrasse vindo da Hauptbahnhof, supostamente conhecida com a rua mais cara do mundo. Aquele bando de lojas carésimas e joalherias maravilhosas estão todas lá. A rua acaba no lago, onde os zuriqueanos (sei lá se é assim que se escreve) passam o seu domingo curtindo…

No meio dela está a coisa mais legal de Zurique: a Confiserie Sprüngli (que não é nada demais). É uma confeitaria chique, requintada, com bons doces. Comi um por lá (nem me lembro qual) e digo que não era nada inesquecível. Talvez seja meu paladar, mas, enfim.

Almoçamos no Zeughauskeller, que também fica na Bahnhofstrasse. Ali aconteceu a coisa mais surreal da viagem: fomos furtados. Pois é, vacilamos com nossa câmera, esquecemos sobre a mesa e ela “sumiu”. Não me cabe acusar ninguém, mas só o garçom passou na mesa após sairmos…

Pois bem, perdemos grande parte do dia em Zurique atrás dessa câmera. Fui até a polícia, choraminguei horrores no restaurante, mas a sutileza e ranzinzisse suíças nos superaram. Eu disse à policial que eu jamais esperava que um negócio desses acontecesse em Zurique e ela me disse que isso era razoavelmente comum por lá, principalmente depois que caíram as fronteiras da União Europeia. Fato foi que a câmera dançou e o resto da viagem foi com a câmera do meu irmão. Por sorte eu tinha um backup das fotos de Berlim e Roma, mas não de Veneza e St. Moritz. Enfim, passou…

Lago no fim da Bahnhofstrasse

Barcos que o pessoal usa para lazer por lá

Essa aí de cima é a St Peter Kirche

Eu gosto muito de igrejas, mas na Suíça, só por fora. As igrejas protestantes não possuem adornos então são meio sem graça por dentro. Pelo nome essa nem devia ser protestante, mas não entramos, então não sei como era…

Talvez se tivéssemos ido num dia de semana a cidade se tornaria mais interessante. O que posso dizer é que um domingo em Zurique é um saco.

Como fomos para Genebra depois (numa terça-feira, portanto dia útil) e chegamos com a cidade ainda aberta, posso dizer que também não achei nada demais. Em comparação, se tivéssemos ido a Zurique num dia útil, provavelmente seria mais legal do que foi, mas não muito. De todo modo, foi totalmente dispensável.

Ainda havia alguns lugares para se visitar, como a FIFA, por exemplo. Mas nem estava no meu roteiro e era fora de mão de onde estávamos. Com muita raiva pela câmera perdida, pusemo-nos a dormir, desejando o quanto antes ir embora.

Ali em Zurique mudamos o nosso meio de transporte. Saímos do trem pontual e pegamos algo menos rigoroso com o tempo. Alugamos um carro para ir até Interlaken e de lá para Genebra. Valeu a pena. Estávamos em quatro pessoas e essas passagens de trem custariam uma fortuna. O único cuidado é que um carro é inviável em Zurique, Genebra ou qualquer lugar na Suíça que não tenha estacionamento incluído (nada tem, só as cidades pequenas). Nosso hotel em Interlaken era “parking free” então optamos pelo carro apenas para fazer os trajetos entre as cidades.

Na Suíça as ruas todas são marcadas para estacionamento, existem parquímetros EM TODO LUGAR (até na menor rua da menor cidade) e custa os olhos da cara parar esse carro. Em muitos deles apenas os moradores da região possuem autorização para estacionar.

Enfim, o carro é uma boa para se deslocar entre cidades, mas só compensa se seu hotel tiver estacionamento incluído e você andar de ônibus ou tram por lá. De outro modo, vai ficar muito caro e é provável que o trem acabe saindo mais em conta.

Além disso, em muitos hoteis, eles dão o passe para você usar o transporte coletivo da cidade gratuitamente durante sua estadia…

De maneira geral, espere gastar na Suíça tudo o que economizou no resto da viagem. E prepare-se para economizar no restante, porque vai estourar seu orçamento. Os preços na Suíça são surreais!

Posso dizer que visitei Zurique porque era um sonho. Obviamente que é uma cidade organizadíssima, bem cuidada e funcional. Só não tem muitos atrativos turísticos. Na minha opinião, se quiser visitar o país, vá para alguma cidade alpina. Ali é que está o charme.

Tchau!

St. Moritz, o Bernina Express e o hotel no topo da montanha…

Já estou suspirando antes mesmo de começar a escrever esse post. Talvez ele retrate o que aconteceu de mais interessante em toda essa viagem…

Vamos passear pelo Bernina Express, chegar em St. Moritz e dormir no Muottas Muragl, o hotel mais legal de toda a viagem. Daqui a pouco conto o motivo.

Pois bem, saímos de Veneza cedinho, antes do sol nascer, no vaporetto das 6:20 da manhã. Tínhamos um trem que nos levaria a Milão (Freccia Bianca) às 6:58 hs. Aqui foi onde eu descobri que ir à estação Santa Lucia era muito mais negócio do que ir até o aeroporto. O primeiro vaporetto saía exatamente neste horário. Não pense em querer sair mais cedo porque não vai dar certo.

A viagem até Milão leva 2 horas e meia nesse trem. É rápida e não muito interessante. Para nós, foi nossa primeira vez em trens europeus, então valeu a experiência. Mas não tem nada digno de nota por aqui.

Chegamos em Milão no horário e de lá pegamos o trem regional que nos levaria té Tirano, cidade fronteiriça entre a Itália e a Suíça. Um vilarejo charmoso, pequeno e que deve ser muito interessante de se olhar. Isso se não estiver chovendo, é claro, como era o nosso caso. Assim, só deu tempo mesmo de comer alguma coisa e se preparar para pegar o Bernina propriamente dito, que nos levaria a St. Moritz. Basicamente um dia inteiro em trânsito…

Mezzo Itália, durch Schweizer (meio Itália, meio Suíça)

Para pegar o Bernina Express, não basta apenas o Swiss Pass, mas também uma reserva (paga) no site da ferrovia. A passagem (para quem não tem Swiss Pass custa uns 25 francos). Espere gastar uns 40 francos entre reserva e passagem.

A diferença do Bernina para o trem comum (que faz esta mesma rota) é o fato de ser panorâmico. Os vidros são enormes justamente para termos uma noção completa da ferrovia. Em termos de conforto, não senti tanta diferença em relação a um trem comum.  Mas a rota toda é muito bonita.

Olhem o biluzinho que nos levou a St. Moritz…

Antes de embarcar no trem passei minha primeira experiência interessante na Suíça. Como se nota claramente nesta placa, está escrito que o nosso trem iria para Davos, mas havia, em letras menores, menção a St. Moritz.

Pois bem, tendo em conta aquele velho e bom hábito brasileiro de perguntar tudo para alguém (até o que está escrito em uma placa na sua frente) bem como confirmar todas as informações umas quatro vezes (se possível com pessoas diferentes) fui até o funcionário da companhia. Segue o diálogo:

Eu: Boa tarde, este trem vai para St. Moritz?

Funcionário: Não, vai para Davos.

Eu: Ok, ok, então qual é o que vai para St. Moritz?

Funcionário: Nenhum.

Eu: Mas como, se eu perguntei agora no guichê e me disseram que esse trem iria…

Funcionário: Este trem vai para Davos e PASSA por St. Moritz.

Eu: E ele para lá?

Funcionário: Sim, com certeza.

E se despediu.

– Momento digressão nacional –

Ainda quero escrever uma tese sobre esse hábito de nós brasileiros sempre perguntarmos TUDO para uma pessoa. Não confiamos em placas, em anúncios, em escritos, nada! Apenas o que alguém nos diz é que vale (provavelmente para termos em quem colocar a culpa caso algo dê errado). Você aí meu caro brasileiro, minha cara brasileira, que está doido para ir até a Europa com esse seu hábito: esqueça! Lá existem máquinas para tudo e não tem para quem a gente perguntar. Se perguntarmos o que está numa placa (hábito comum aqui no Brasil) eles fazem cara feia ou tiram sarro (como fez o cara do trem). Nas estações alemãs e suíças não há catracas e nem bilheterias, apenas máquinas e muitas placas, com ótima sinalização. Vá na fé e acredite no que elas dizem. Funciona.

– Fim do momento de digressão nacional –

Entramos no dito cujo e na hora exata ele partiu…

Tchau Tirano!

Essa rota é um passeio. Partindo que na Suíça temos relógios, chocolates e trens pontuais, estamos apreciando aqui uma das coisas mais típicas do lugar. A ferrovia é muito bonita, em certos pontos bastante íngreme e com paisagens de tirar o fôlego. Aqui, mais do que escrever, vamos ver fotos:

A famosa ponte de pedras, patrimônio cultural da humanidade está logo no início do passeio

Aí o leitor vai reclamar (e com razão) da qualidade das fotos. O problema é que a maior parte delas está em movimento e todas foram tiradas pelo meu irmão (no post de Zurique eu explico porquê).

Mas a paisagem (como se nota) vai de picos nevados a vales com lagos. Campos e descampados. É uma paisagem muito bonita de se ver, relaxante e bucólica. A Suíça é bucólica por natureza. Calma, tranquila e serena. Mas sem se comprometer com ninguém, é claro.

Há algumas paradas no caminho para fotos e nosso foco foram os picos nevados (coisa de brazuca que não conhecia neve). Enfim, o passeio valeu a pena.

Quando chegamos em Pontresina (uma estação antes de St. Moritz) resolvemos saltar do trem. Nosso hotel, o Romantik Hotel Muottas Muragl não fica em St. Moritz, mas em Samedan, no alto do monte Engadin. Essa dica vai toda para o Ricardo Freire, que passou por lá e indicou o hotel, mesmo sem ter ficado. Ele é “pagável” em baixa temporada e valeu tudo o que passamos para chegar até ele.

Estação de Pontresina e a placa no busão: por favor, não serre o banco.

Depois de Pontresina existe uma estação chamada Punt Muragl, em que o maquinista pára se solicitado (gente, o acento diferencial é necessário aqui, eu mesmo me perco, então vou usá-lo, desautorizando o novo acordo ortográfico). Eu sabia disso, mas não sabia se o Bernina pararia na solicitação. Então optei por descer lá em Pontresina, me informar e pegar um ônibus de linha. Foi isso que fizemos. Deixamos mais um monte de francos suíços por lá (tudo é muito caro na Suíça) e descemos em frente ao hotel, onde pegamos o funicular. Aí sim, vamos às fotos (preste muita atenção a elas e compare porque na descida a paisagem mudou radicalmente:

Sobe!

Para quem conhece o Corcovado, esse trem é do mesmo estilo daquele. Há um cabo de aço, puxado por uma máquina lá em cima, que leva a cabine do trem.  O hotel fica a 2.456 metros e Pontresina a 1.777. Subimos aí uns 700 metros para chegar ao hotel.

E quando chegamos, aí vão outras fotos:


O hotel é muito interessante. Tiramos muitas fotos lá em cima, mas já estava anoitecendo. Aí fizemos o check-in e resolvemos descer para conhecer St. Moritz.

St. Moritz, a cidade fantasma.

Não é exagero o título acima. De maneira nenhuma. St. Moritz é uma vila típica Suíça, de população de 5.029 habitantes segundo a wikipedia. Descobriram o lugar na década de 80 e virou uma estação de esqui que recebe em torno de 200 mil visitantes anualmente.

Eu pensei (errado) que houvesse algo na cidade mesmo no verão. Que nada, não tem. Ainda mais se for no início da temporada (chegamos lá no dia da reabertura do hotel em que ficamos, por exemplo). Não tinha uma alma na rua! É desesperador. Ainda mais que era sábado e a Suíça respeita esse negócio de não funcionar nada de domingo. Chegamos lá eram umas 18 horas, portanto, as lojas já estavam fechadas e só reabririam na segunda-feira.

Foi uma mão de obra achar um lugar para comer. Havia UMA pizzaria aberta e mais nada. Depois de muito rodar, achamos e comemos lá mesmo. O garçom, português educadíssimo, nos disse que não tinha nada lá naquela época porque a cidade vive de inverno. Os hoteis estavam em reformas e as ruas da cidade, idem. Os cinco estrelas estavam todos fechados. Enfim, éramos nós quatro e um ou outro gato pingado…

No fim, tiramos poucas fotos no lugar (e em todas nós estamos) então não vai ter foto de St. Moritz deserta aqui. Acho que eu até tirei umas com a minha máquina, mas aconteceu um acontecido que nem gosto de lembrar…

Enfim, se você conhece Campos do Jordão ou Gramado, St. Moritz é o original disso. Uma cidade limpíssima, arrumada, organizada e cara de doer. Essas lojas que você encontra na Oscar Freire, em São Paulo, estão por todo lado ali. É um culto ao luxo, cercado de montanhas e com um visual fantástico.

O detalhe maior foi que comemos super rápido porque eu tinha visto que o último ônibus para Pontresina sairia às 19 horas. Pois bem, chegamos no ponto uns minutos antes, mas havia uma placa em alemão dizendo alguma coisa. Até perguntarmos ao simpático garçom o que aquilo queria dizer, e descobrirmos que significava que o ônibus não passaria naquele ponto por ele estar em reformas, já o tínhamos perdido.

Corremos até a estação de trem para tentarmos uma solução (o próximo ônibus só viria dali duas horas). Encontramos uma simpática russa que estava tão perdida quanto nós naquela cidade fantasma, descobrimos um trem que partiria em minutos e conseguimos pegá-lo. Chegamos ao ponto de trem do hotel e ficamos felizes pelo fato do maquinista ter aceito nosso pedido de parada.

Subimos de novo o funicular.

Tiramos umas fotos das montanhas, mas já estava anoitecendo (eram umas 21 horas). O hotel foi esvaziando e ainda nem tínhamos desfeito as malas. Demos umas voltas pelos mirantes, tivemos uma visão muito bonita e fomos dormir.

Aí tudo mudou…

Neve no verão

Quando acordamos, minha esposa disse que estava tudo branco lá fora. Ela tentou limpar os olhos (achando que estivessem embaçados, mas o branco seguia). Quando abrimos a janela, 7 horas da manhã…

Ah muleque!

Estava tudo branco. Tinha nevado a noite inteira e nós tivemos o privilégio de pegar neve em pleno verão. O pessoal da recepção estava confuso, os suíços, idem, e nós felicíssimos. Tudo o que queríamos era ver neve e ela estava ali, do nosso lado. Tiramos uma tonelada de fotos:

Aquelas montanhas das fotos ali de cima se tornaram essas montanhas aqui. Para nós foi muito interessante ver aquilo, mas ao mesmo tempo nos assustamos. Nós iríamos ao Jungfraujorch, que é o topo da Europa, em Interlaken, mas não levamos roupas de neve achando que em Berlim elas seriam mais baratas. Não achamos roupas de neve em Berlim (era verão, foi a frase que ouvimos) e os suíços não conhecem esse papo de alugar roupa (como ocorre em Bariloche). Roupas que aguentavam o frio nós levamos, mas não as para a neve, que é muito molhada e ensopa o pé.

Naquele mesmo dia iríamos pegar o trem que nos levaria a Zurique e ficamos preocupadíssimos em conseguir chegar na estação com aquilo tudo de neve. Havia bem uns 30 centímetros. Quando entrarmos no funicular, a vista foi essa:

Eu mesmo disse que para mim aquilo parecia decoração de natal de shopping. Pois bem, tivemos muito mais do que neve….

Chegando na estação, essa era a visão:

Antes de descer, perguntamos à funcionária da recepção se estava nevando lá embaixo. Ela me disse que sim, com a maior cara de tranquilidade. Perguntamos de novo se daria para andar de tênis e ela respondeu que não sabia. Fomos na fé e deu. A neve já havia derretido em grande parte e lá em cima estava muito mais frio do que embaixo, na estação de trem.

Deu tudo certo, mas acabamos correndo muito no hotel (por causa do horário do trem) tanto que mudamos o meio de transporte em Zurique. De todo modo, foi uma experiência incrível e inesquecível para nós. Apesar de ser tão trivial aos suíços…

E por que não ir prá Suíça?

Antes de começar esse post, digo que pensei em como iria fazer um post sobre a Suíça. Acreditei que seria melhor dividir por cidades, apesar do conteúdo aqui ser bem menor em cada uma do que nas cidades anteriormente visitadas. Mas já adianto que serão posts menores, principalmente sobre Zurique e Genebra. Começamos pelo trajeto da viagem.

Vamos à Veneza?

Ma che piu bella città è Venezia! Ainda bem que inventaram o google translator para que a gente possa dizer o quão bela é a cidade de Veneza em italiano!

Seria difícil não se apaixonar por Veneza. No dia em que escolhemos visitá-la, já sabíamos que seria um ponto de contemplação da viagem. Um lugar para ficar parado e olhando, admirando uma das cidades mais sui gêneres do planeta. Sim, esse título, tem que ser de Veneza.

Em primeiro lugar porque em qual outra cidade você se locomoveria por barcos e gôndolas? Não há carros em Veneza. Ou se anda a pé, de gôndola ou de Vaporetto pelos canais maiores. Pelos menores, só de gôndola mesmo…

E o que tem em Veneza que nos apaixona tanto? Quando fomos ao Louvre (e haverá um post de Paris aqui) vimos um quadro da cidade, pintado nos anos 1600. E pudemos dizer que, salvo uma ou outra pequena alteração, a cidade permanece muito parecida com o que era na época. Fato é que se volta no tempo quando se visita Veneza: ao tempo medieval.

O barco acima é o Américo Vespúcio, uma imitação de caravela usada pelo famoso navegador…

A chegada em Veneza pode ser efetuada por dois caminhos: o primeiro e menos recomendável (que nós tomamos) é o aeroporto internacional Marco Polo. Não fica propriamente em Veneza, mas sim a mais de uma hora de barco (Alilaguna). Além de demorada, essa é a maneira mais cara de se atingir o centro histórico; o segundo (e mais recomendável) é pegar um trem até a estação Santa Lucia (que está em Veneza, não confundir com Mestre, que não está) e descer ali. Desta estação já se está no Grand Canal e se chega, em pouco menos de 20 minutos, à praça San Marco, centro de referência da cidade. Vindo de Roma, um trem bala te deixa em Veneza em 3 horas. Se fosse hoje, eu faria isso…

Onde ficar?

Esta talvez seja a maior dúvida do viajante à Veneza. Pois bem, minha opinião é a que deve se ficar em Veneza, no centro histórico, para se vivenciar o dia todo na cidade. Mas é fato que muitas pessoas se hospedam em Mestre, que fica a uns 30 minutos de Veneza, por questões de custos. Além disso, a cidade fica muito cheia durante o dia, com visitantes que provavelmente fazem bate-volta para lá e se vão pela noite. Veneza fecha às 22:00hs. Não há o que se fazer de noite por lá.

Nós ficamos no charmosíssimo Residenza de L’ Osmarim, que fica na Fondamenta de los Marin, ao lado de um dos canais e a 200 metros da Praça San Marco. Não consigo imaginar lugar melhor para se ficar em Veneza, seja pela localização, pelo estética e pela hospitalidade dos donos…

Nosso café da manhã

Como disse acima, se a ideia for visitar Veneza em apenas um dia (factível, mas não recomendável) os custos podem ser reduzidos ficando-se em Mestre, para de lá seguir a viagem. Mas eu não troco acordar ao lado de um canal por um passeio super convencional de ônibus…

Tá vendo essa plaquinha aí em cima? Prepare-se para encontrar muitas delas pela cidade. Agora é a hora de passear pela Veneza propriamente dita…

Comecemos por San Marco

Essa é a região da Basílica de mesmo nome, praça patrimônio mundial da Unesco e onde fica, também, o palácio dos Doges. Doges eram os líderes de Veneza, da época em que a cidade, importantíssimo entreposto comercial, exercia influência sobre todo o mundo. Manja aquele papo de comércio com o Oriente? É disso que estamos falando…

A cidade viveu períodos riquíssimos até a queda de Constantinopla, em 1453. A partir dali vieram as vacas magras, com a descoberta do caminho das Índias por outros navegadores. Isso tudo é muito interessante, mas vamos passear por lá, né?

Aqui temos visões de terra e do mar. É uma praça muito bonita, feita com muita pompa e circusntância, local de maior aglomeração de pessoas em Veneza. Existem muitos restaurantes por ali (caros) que te servem com vista da Basílica e das águas da lagoa de Veneza (parte do mar adriático onde fica a Basílica). Existem os famosos pombos, por todo lado. Ali também está o palácio dos Doges, que circunda toda a praça. Hoje existem exposições por ali e algumas lojas na parte debaixo. Toda a arquitetura é fantástica.

Palácio dos Doges

Restaurantes de dia

E de noite…

Ali é onde rolam todos os eventos de Veneza. É o coração da cidade. Vale a pena dar uma almoçada por ali (nem que seja um pão com queijo). Os fiscais da prefeitura implicam muito e não te deixam sentar em qualquer lugar. Mas sempre dá prá arrumar um banco. Ah, e dizem que é proibido fazer piquenique, mas todo mundo fazia e ninguém dizia nada!

Per Rialto

Esta outra simpática plaquinha aí te indica mais um dos caminhos de Veneza. Rialto é uma ponte que fica no Grand Canal. Para fins de localização, o Grand Canal corta Veneza mais ou menos ao meio. Dos outros lados, temos a lagoa do mar adriático. Pense como uma ilha com um rio que corta a parte de terra no meio. Esse é o Grand Canal.

Essa é a região mais comercial de Veneza. Ali existem lojas de todos os gostos e tipos, mas todas com alto preço. Há uma loja da Ferrari, com um carro montado lá dentro! E isso que as ruas são extremamente estreitas (o transporte dentro da cidade é feito por gôndolas e carrinhos) e com inúmeras pontes. Não sei como montaram esse carro.

Tá aí uma foto da ponte:

Vista da ponte, vindo pelo Grand Canal.

Vale a pena fazer um passeio de vaporetto ou de gôndola pelo canal para conhecer a arquitetura externa da cidade. Diria, até, que esse é um dos passeios a se fazer por lá.

A possibilidade de se perder é imensa e muito provável. Algumas pessoas dizem que o ideal é andar com um GPS por lá. Eu estava com dois mapas e havia momentos de desespero onde ficávamos completamente perdidos. A cidade é muito parecida, os prédios, idem, e as ruas muito curvas e tortas. Enfim, não é fácil se locomover. Aquelas plaquinhas acima são fundamentais na hora do aperto. Mas a cidade é facilmente caminhável. Diria que andamos um bom tanto dela…

Geralmente voltamos sempre para a parte do mar ou do canal e dali fazemos um caminho conhecido para se chegar ao destino. Mesmo assim, é bastante complicado se locomover.

O grande barato é justamente se perder pelas ruas e canais, aproveitar a arquitetura e o momento de se estar em um lugar tão interessante. O charme de Veneza consiste principalmente no fato de ser muito diferente de todas as outras cidades do mundo.

Existem, também, muitos restaurantes por lá. Atualmente acredito que seja a grande característica da cidade (o turismo). São mais caros que em Roma, e alguns cobram uma taxa de 12% de serviço, além do preço do cardápio (isso não é comum em Roma, por exemplo). Por isso, antes de se sentar, pergunte se existe essa taxa para não ser surpreendido depois.
Além de Veneza propriamente dita, existem as ilhas de Burano e Murano que produzem artesanatos de vidro de ótima qualidade. Não fomos até lá, mas para quem tiver uns dias a mais e quiser, fica também a dica.

Nos mapas, é possível se atingir uma parte de terra, que chamam Lido. Não tem nada lá, apenas uma parte terrestre de Veneza, mais nova e sem charme algum. Eu não iria de novo.

Além disso, também temos o Cassino de Veneza (fica no Grand Canal) e a Basílica e Nossa Senhora de la Salute (fica no começo do Grand Canal, vindo de San Marco). É uma bela igreja e ficar sentado em suas escadarias com vista ao canal é outro ponto interessante…

Uma última dica é sobre as pontes. Veneza tem pontes em todos os lados. É muito improvável que você ande para qualquer lugar dentro da cidade e não se depare com pelo menos uma delas. Todas têm degraus (pelo menos uns 4 ou 5 para subir e outros para descer) o que torna andar com malas pesadas um verdadeiro fardo. Dependendo de sua localização em relação à lagoa, você terá que passar por uma escada com muitos e muitos degraus. Nunca é uma boa ideia carregar malas pesadas por lá. Mulheres certamente terão muita dificuldade…

Faço uma série de fotos da cidade, para que o leitor aproveite. Mas sempre vale ver a cidade com os próprios olhos…